Um dos sinais mais marcantes que observamos nos animais que possuem déficit no aparato suspensor é a queda do boleto. E em alguns casos, essa queda pode ser muito acentuada, com a quartela entrando em paralelismo com o solo, numa hiperextensão da articulação metacarpo/metatarso falangeana (boleto) e flexão das interfalangeanas, mesmo com o animal em estação.
Chamada de Doença Degenerativa do Ligamento Suspensor (DDSL), essa síndrome primeiramente foi reconhecida em raças de Cavalos de Passo Peruanos, mas tem sido cada vez mais diagnosticada e já é relatada em diversas raças como Árabes, Quarto de Milha, PSI, e algumas raças europeias.
Clinicamente, os animais apresentam desmopatias no ligamento suspensor do boleto, em um ou mais membros (origem, corpo ou ramos, ou uma combinação deles), sem aparente trauma ou sobrecarga de treinamento, com achados ultrassonográficos de perda de ecogenicidade e padrão irregular de fibras.
Mesmo com terapias e repouso, os ligamentos apresentam-se com importante aumento de volume e as lesões não regridem, ao contrário, progridem. Com a perda da função do ligamento suspensor, o boleto não tem sustentação em sua posição anatômica normal.
Estudos recentes demonstraram que essa doença não se limita ao Ligamento Suspensor, mas sim ao tecido conectivo de todo o corpo dos animais afetados, e com etiologia desconhecida, sugere-se que haja um importante fator genético envolvido.
Um acúmulo de proteoglicanas nos tecidos conectivos é encontrado nos animais afetados. Isso faz com que num futuro próximo, o diagnóstico precoce possa ser feito. Na Universidade da Georgia, EUA, estudos e exames são realizados através de biópsias do ligamento nucal, para obter informações antes dos animais apresentarem sinais clínicos, e com isso, a não utilização de animais DDSL positivos para fins reprodutivos.
O tratamento é sintomático e auxílios biomecânicos tanto no casqueamento quanto no ferrageamento são valiosos. Vale lembrar que quanto mais altos os talões, maior flexão das articulações interfalangeanas e maior sobrecarga no aparato suspensor, por isso, ferraduras talonadas e excesso de parede na região dos talões são contraindicados. Terapias celulares, suplementações, e bandagens de apoio são também frequentemente utilizadas.