Na rotina clínica da EQX – Centro de Ortopedia Equina, são atendidos vários animais com patologias do Aparato Suspensor. O ligamento Oblíquo Sesamoideo (OS) é um importante ligamento que faz parte do sistema de suspensão dos cavalos. Ele atua, ao mesmo tempo, com as seguintes estruturas: ligamento suspensor do boleto, tendão flexor digital superficial e ligamentos colaterais profundos da fossa metacarpeana e metatarsiana.
O ligamento OS é formado por dois ramos, um lateral e outro medial, que têm origem na região basilar dos ossos sesamoides proximais, fazendo uma pequena inserção nos epicôndilos da primeira falange e seguindo em direção ao terço médio palmar (membros anteriores) e plantar (membros posteriores) da primeira falange.
Em sinergismo com o ligamento suspensor do boleto, tendão digital flexor superficial e colaterais profundos, eles têm função de limitar a extensão do boleto, onde começam a ter sua máxima tensão na metade do apoio.
Esse ligamento tem uma porção intrassinovial (dentro da articulação) em seu terço proximal e, é por esse motivo, que devemos tomar cuidado com infiltrações com corticoides no boleto, quando diagnosticadas lesões nessa porção do ligamento. Os corticoides, além de retardar a cicatrização, também tiram a dor, e com o exercício induzido, podem agravar as lesões. Isso vale para quaisquer estruturas de tecidos moles intrassinoviais.
Clinicamente, os animais podem apresentar redução da fase cranial do passo, claudicações de graus variados (de acordo com a severidade das lesões) e, em algumas vezes, teste de flexão positivo da articulação do boleto.
Em imagens radiográficas da articulação metacarpo/metatarso falangeanas, podem ser observadas radioluscências e/ou lise óssea na região basilar dos ossos sesamoides, que podem ser indicativas de lesões agudas, crônicas ou velhas nas inserções proximais dos oblíquos. O diagnóstico definitivo é feito através da ultrassonografia.
As desmopatias do ligamento oblíquo sesamoideo podem estar em um ou em ambos os ramos, e também podem estar associadas a outras lesões, ósseas ou de tecidos moles, no mesmo membro.
O tratamento varia de acordo com as características e severidade das lesões. Infiltrações articulares com ácido hialurônico ou terapias celulares podem auxiliar na melhor cicatrização do ligamento. Técnicas de fisioterapia (por exemplo: laser, shock wave) podem beneficiar clinicamente e auxiliar na velocidade de cicatrização.
O casqueamento adequado, com correção das distorções dos casos é fundamental para que as forças sejam bem distribuídas, do casco, passando pela quartela, até o boleto. Talões altos são contraindicados assim como o uso de ferraduras ou palmilhas talonadas. O uso de ferraduras terapêuticas específicas é indicado para o período de cicatrização e reabilitação desses animais. A indicação da ferradura adequada varia de acordo com o local da lesão e se em um ramo ou nos dois ramos do membro.
Repouso durante a primeira fase de cicatrização, somente caminhando no cabresto, além de uma reabilitação adequada e gradativa, no decorrer do processo cicatricial, fazem com que o prognóstico dessas lesões seja bom e os animais retornem às pistas com desempenho total.